Recentemente, estava lendo um comentário em uma de minhas historias e notei que o leitor tinha interesse pela aviação. Observei que alem da historia, havia certa curiosidade, no tocante a voar, e isto é muito natural e compreensivo, como já disse no início, foi o avião que proporcionou todas estas estórias, que são direcionadas para todos os leitores, em especial aos pilotos ou aqueles que gostam da aviação!
Infelizmente é muito difícil adquirir experiência, pois só existem duas formas:
a primeira e a mais importante é voar, quanto mais se voa mais experiência você adquire, é como meu velho instrutor já dizia, ninguém ensina ninguém a voar o instrutor esta ali apenas para não deixar o aluno quebrar o avião, o resto é por conta dele;
a segunda é assimilar as experiência dos mais velhos, o velho Dr. Ulisses (meu instrutor de vôo), nunca iniciava um vôo sem, pelo menos, passar seus alunos por uns trinta minutos de bate-papo, sob as asas do velho Cap-4, e naqueles breves momentos, procurava passar suas experiências de piloto! Como tais ensinamentos me foram muito úteis, achava, e ainda acho, que também o seriam para todos os demais treinandos!
Este conto vou dedicar ao leitor que me referi inicialmente, um futuro piloto, de nome Thales, da cidade de Parauapebas, (na ocasião ele estava fora do ninho, passando temporada lá pelas bandas de Santa Catarina), torcendo para que ele tenha o "dom de voar", aí sim, será um bom piloto e não igual a mim, um "empurrador de manetes" apenas!
Estava escutando a conversa entre o Léo e o Toninho do Ouro, quando este último, virou para mim e disse:
“ - Vai se preparando Niltinho, vamos comprar um garimpo no município de Itaituba, e a aviação ficará por sua conta, portanto vai arrumando avião, de preferência um skylane, que é bom de garimpo, pois vai ter muito vôo por lá, e queremos você no esquema!”
Dei um pulo de alegria, imagine vocês o que significa ter um garimpo só para você, onde todos os vôos são seus? Vocês não imaginem o faturamento de um mês, num ano você paga um avião brincando! Irmãos, aquela proposta do Toninho caiu do céu.
Só que eu não tinha mais avião e já estava todo enferrujado, não dava conta de voar no garimpo, pois muitos anos haviam se passado de ausência dos manches, tinha perdido toda a sensibilidade de voar, e aí é o que diferencia um piloto de asfalto de um piloto do mato, este último precisa desenvolver toda a sensibilidade pessoal possível! Caso contrário, quebra no primeiro pouso e os acidentes, na floresta, são bastante críticos: na maioria das ocasiões, só nos resta as chaves do avião! E isto eu tinha consciência absoluta!
Diante disso, convidei meu amigo e futuro compadre, e digo futuro porque até hoje não batizei sua filhinha que deve estar uma linda jovem, mas um dia vou procurar minha comadre e perguntar se ainda desejam um padrinho desnaturado para batizar sua filha, e aí pago a promessa para com meu finado amigo Odilon!
Para entrar comigo naquela parada, (e na mesma hora ele topou pois, como todo seu dinheiro vinha de garimpo, sabia muito bem o que significava aquela proposta, aquela era a oportunidade que tanto esperava também), só queria saber quem iria voar!
Odilon tinha um 210 se não me engano de prefixo (nunca fui bom para memorizar prefixo) PT-LRY, novinho e um 182 de prefixo PT-DOC, com IAM recém feito, pintura nova, motor novo enfim um brinco de avião estava preparado para voar no mato e em pista ruim, tinha pneus grandes era laminar (trem de pouso), freios Birigui, acesso para subir nas asas para facilitar o abastecimento!
Arrumado o avião, fui procurar um piloto, que encaixasse em nossas necessidades e acabei encontrando um com vasta experiência em garimpo e no momento estava voando agrícola!
É como eu digo, o OURO, este bendito metal faz qualquer um largar tudo para trás e peitar, mesmo sem ter certeza de nada, sem ninguém garantir nada, tudo é pura sorte, o que sei é que todo mundo corre atrás dele, e assim foi com o piloto que contratamos também, deixou esposa "buxuda" para trás e lá fomos no rumo do Para, com destino para o km 140 da Transgarimpeira, uma perna da Cuiabá - Santarém lugar onde o senhor Virlandes era o todo poderoso!